Monday, October 02, 2006

mindinho, seu vizinho, maior de todos, fura-bolo e mata-piolho

com meio pau já enfiado na garganta de betty boop, brucutu ainda meio em dúvida se enfiava ou não três dedos na dona dos buracos achados e perdidos em vinte e cinco quilos.

oito anos no máximo. comprada a custo de chicletes. meio copo de cerveja. e, vá lá que hoje estava de coração mole, terça-parte de saco de feijão. pedido quase brochante daquele irritante — moço é pra mói de dar de comer a minha irmazinha, que nem mamar peito mais força mãe tem.

dedo no cu hoje não convém. dia de manicure. unhas feitas, brilho batendo com sete dentes de ouro. troféis de sacrifício. podium de quinze anos de poeira pedra e lama. peso do mundo todo a sufocar por cima. labuta desumana sem futuro. tudo pra família. catorze filhos. nove de fêmea. cinco de macho. e um que não prestava pra nada não. alesado desde pequeno. anda mas não pensa. ri de baba. e das necessidades, se faz sozinho, mela tudo. tentou dar, mas não apareceu nem um coração bom pra aceitar. pra o senhor vê como anda o mundo hoje. já fio das outra não conta, pedra de terço, que reza o sustente.

mindinho então nem pensar. que pra chegar unha assim naquele tamanho de dedo, unha foi quase obra esculpida com muito de si. sabe-se lá com que pedidos a deus ou ao diabo, pra ficar daquele tamanho, quinta maravilha da natureza. ainda mais porque erigida dentro do ofíco de cavar com as mãos, ofício que se engane não seu moço, já deixou muita gente cotó. e só lhe digo isso pra não ficar desvalorizando, achando que é orgulho exibido, mas que é exibido, principalmente nos bons almoços. dá jeito palitar o charque, manejando a alavanca de calhau, com ar de desprezo pra coronel. na catapultada dos fiapos ao chão então? infalível. com direito a glória se fiapo de manga. muitas das quais gargalhadas, enquanto todo mundo fica fazendo munganga de língua e palito que não resolve.

enfio não enfio, enfio não. ainda sujo unha. cu de besouro, mas quem duvida que merda dentro? desiste, e arrasta cabeça de menina toda pra barriga aos gritos: — engasga! porra! engasga!

betty boop não engasga. vomita gosma de bílis, sangue e uma titica de comida qualquer, misturada com a porra de brucutu. leite branco que desde menos criança não vira bebê. mais sustança que tudo que lhe vem de dentro da barriga pra fora. meleiro só, mais cheira do que vê, visão tateada do brutamontes.

movimento brusco, cabeça para trás, solavanco, que nem no estertor do gozo brucutu consegue segurar. betty chupa agora o ar de fora da boca. gosto de vida que sai e que entra, rasgando rosto no afã de não sufocar com unha que podia ter rasgado o cu de há muito temente. sente a navalha mas não chora. dono da unha urra de dor, mais de orgulho que de física, e pragueja pra todo o mundo ouvir:

minha unha, sua bobônica! sinhá cabrita, minha uinha! sá rapariga, cê sabe quanto tempo eu levei para deixá-la assim? tem mais tempo do que tua idade e nem isso tu respeita nos mais velhos?

e feijão, um caralho! um caralho!

betty boop ficaria mais que uma semana sem comer o que quase nem seria mais novidade. rosto infectado, mais de bactéria do que de vergonha. família também. menos por solidariedade e mais por falta do ofício.

daí em diante, até hoje, que tem 12 anos, sabe-tudo de veterana, betty boop examina as mãos antes de colocar qualquer coisa na boca. e ao menor cheiro de esmalte começa a vomitar bílis e acetona.

afora isso a vida vem lhe tratando bem. com unha ou sem unha, não tem dedo no cu, do mindinho ao mata-piolho que seus 34 quilos não aguentem.

1 comment:

Alex Camilo said...

Um porrada esse texto, hein... Putz, muito bom. Pior que cabeçada na boca do estômago!

Um abraço