Wednesday, October 11, 2006

le petit prince

não tinha mais que 12 anos. pequenos furtos. drogas pedem passagem. dezenas de brigas e centenas de porradas. lembranças tenebrosas de varias estadias na febem, a não ser uma: figura de livro que não sabia ler. menino louro montado em cima do mundo. isto ele queria ser. quem não quer ser? dono do mundo, quando se está cada vez mais por baixo?

não podia ver um cacetete que se transfigurava num monstro. de resto era manso, gatunozinho safado. boca de meia tigela. batia-se o pé e saia em disparada. mas desta vez não deu. beco sem saída, nem precisaram atirar.

e assim foi. pediram para manerar, apontar armas prum menino pra que? então tome coturno nos cornos, cacete no fígado, chave de braço, gravata pretexto para projeção de queixo bem na quina da calçada. zonzo de véspera mal sentiu o baque. quase-morto, serviço feito, meganhas cutucam o quase pacote pra ver se o bicho já era. não se mexe e o positivo é sinal de quase pronto pra ser enrolado como presunto. policial ainda chacoteia com o magreza do moleque, passando-lhe ponta de cacetete na bunda, gargalhada aprofundando a dedada.

ressucitaram o animal. ainda de costas, faca de sapateiro no meio do pescoço sem farda. os outros mal, tiveram tempo de ser virar. bala com bala, levou 15, chutou seis de primeira. os dele sem sobrevientes. os deles, levou no braço, na perna, na barriga e na coxa, puro azar, aquela artéria não devia estar ali.

ainda aguentou até de manhãzinha quando os primeiros raios de sol deram-lhe a ilusão de ver o principezinho surgindo por cima do sol. desmaiou, morreu, ressucitou. teve um fim que sugeria um novo começo. mas de morto morrido última página virada.


em seus sonhos de cadáver uma frase ainda incompreendida: você é responsável por tudo aquilo que cativa.

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