Monday, July 09, 2012

almoços de domingo


já algum tempo, nos domingos, almoço em paz. mcchickens. genérico que seja ou original. e pronto. de sobremesa, café em copo e vontade de fumar. antes da saída, em meio as meias mordidas, altura em que me lembro odeio maionese, de soslaio miro a testa franzida das atendentes e cozinheiras que penso em reclamações - me consegue um pouco mais de ketchup ou vai dizer que só tem mostarda? - não sei contentes em trabalhar aos domingos. também dariam graças a deus? que elas complementam com muito sachês de molho fora, aquele filho da puta, de trabalhar aos domingos para não ter de almoçar em casa? 


domingos tem um certo ar de prisão após a revista da semana. foram-se as armas e as drogas. resta o almoço em família para a gente se embriagar de crime. de sobremesa o faustão. a sorte é que a pena não é perpétua. mas é longa como o crochê das mágoas da vovó sobre as memórias do vovô que enfezado se mandou de casa e foi morrer de infarto num puteiro enfiado em pleno cu de uma adolescente. o retrato do meu vô foi retirado então da parede e naquele exato lugar ficou a marca, onde o bolor do mofo lembra o esperma da vida que ele despejou fora para não morrer ensimesmado dentro de casa como paio, um chouriço, outra denominação. as sobras das conversas do almoço de domingo todo mundo já sabe como reaproveitar. são servidas fritadas ao azedo que requentadas podem durar até a terça feira. isso se as vizinhas não aproveitarem o óleo para feitura do empadão de galinha com o destino de suas filhas, que diga-se de passagem são uns cu de bostas. 


almoço fora agora todos os domingos. mas do empadão ou da fritada, elas não escapam. nem eu. nem você.