Friday, January 19, 2007

de calado baixo ou navegar não é preciso

a vista da orla de fortaleza é deslumbrante principalmente para quem chega por mar. o por do sol idem. nem precisa ser visto da ponte dos ingleses, inebria. não se sabe a hora, mas o certo é que numa manobra padrão, alguém entrou em êxtase. e encalhou o cargueiro de frente para a praia fugindo a raia da barra. também não se sabe por descuido, motivado por tal inebriação. ou, indo mais além, propositadamente. quem sabe para curtir o visual de um ponto de vista ainda mais privilegiado. o barco agora não sai. encalhado, dá nas vistas na praia cheia de vistas. a tal imperícia custa caro. mesmo que alivie-se a carga, e que venha a maré de janeiro, dali só se arranca o cargueiro, com a ajuda do rebocador que está vindo do rio também de janeiro. a passos de tartaruga vem o rebocador, uma espécie de popeye dos barcos, cuja função é retirar os "brutos" da enrascada em que se meteram. a história é real é acontece agorinha mesmo numa praia de fortaleza que não cito o nome, para não dar margem a outros encalhes. cargueiro, beleza, inebriação, mar, encalhe, pequenos fortes, grandes entalados, ou melhor encalhados, fortaleza. palavras, estados e situações com vários significados e significantes. creio que nem você nem eu precisamos estar encalhados e ou inebriados para fazer ilações e ou analogias com o que fazemos do nosso barco(cargueiro ou rebocador?)quando inebriados ou simplesmente cansados, preferimos a visão do encalhe a modorrenta postura de estar simplesmente atracados a um bom porto. muita gente, é verdade, nem precisa encalhar para se dar conta de que está prestes a partir ao meio ou a partir do meio. outros,eternamente encalhados, principalmente, onde não há belas orlas de por de sóis inebriantes, choram a falta do cais. entre um e outro a maior parte das gentes, não dos barcos, à deriva ou contemplativa. talvez mais dos barcos que encalham dos que chegam ao porto. eu olho pra mim e vejo-me um rebocador. quiçá de mim mesmo. reboca-dor? sim. pequeno que baste para não encalhar. nunca grande para merecer algo mais que um beirada de porto: ´quela onde também fica a maior parte do lixo que se acumula no cais. sempre lembrado pela força e utilidade. mas só nas situações de encalhe. nunca para simplesmente tornar-me, a mim, o rebocador, cargueiro dos pores de sol inebriantes na orla deslumbrante da praia da minha fortaleza que anda rasa de encalhes d´outros portes.

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